sábado, 5 de junho de 2010

da Liberdade Religiosa na Grécia Hoje

Nos últimos meses a Grécia vem ganhando as páginas dos jornais devido à crise européia , mas longe de ser a única, não é apenas a economia que vem se mostrando um problema no país que é o berço da civilização ocidental e a que a maioria dos possíveis leitores deste ensaio se voltam no que se refere a religiosidade.

Hoje do pouco mais de 10 milhões de habitantes, a Grécia tem cerca de 100 mil pessoas que se declaram como politeísta (dados de 2005), o que é algo em torno de 2% da população do pais. Nesse conjunto de 100 mil pessoas, cerca de 2 mil são adeptas do Helenismo na sua vertente reconstrucionista, e as 98 mil restantes são adeptas de outras formas de politeísmo étnico.

De acordo com  Vasilios Makrides, professor de teologia da Universidade de Atenas, a revitalização do culto politeísta na Grécia é vista por parte da Igreja Ortodoxa com muita suspeita.  No livro " Hellenic Temples and Christian Churches: A Concisious History of Religious Culture of Greece from the Antiquity to The Present" o autor faz um vasto estudo da cultura religiosa da Grécia desde os primórdios de sua civilização até os dias atuais, mencionando inclusive os conflitos relgiosos entre politeístas e ortodoxos, e orotdoxos com outros grupos religiosos. Segundo o autor, os setores mais conservadores da Igreja Ortodoxa vêm analiando o avanço do politeísmo e as políticas de valorização da cultura helênica iniciadas pelo governo no final dos anos 80 e começo da décade de 1990 com um verdadeiro plano de paganização da Grécia, supondo alguns até ser isto um "projeto não oficial" de paganização, como foi apontado em alguns jornais.

Vale lembrar que aqui tomamos sempre o partido da liberdade de expressão e por consequência, da liberade de culto que nos é garantido constitucionamente pela Constituição Brasileira, porém no contexto político grego, temos estruturas diferentes. A Grécia está entre os países mais intolerenates no que se refere à religião no continente europeu, tendo inclusive sido condenada pela Comissão Européia dos Direitos Humanos pelo caso Kokkinakis.

A Constituição grega ainda está sob a tutela da Igreja Ortodoxa, conform pode-se ler no seu artigo 3°. paraágrafo primeio, que entre outras coisas menciona que o dogma da Igreja Ortodoxa passa a ser o do estado, e que ambos estão intimamente relacionados. Há o atenuante ainda de na Grécia o ministério da Educação está relacionado também ao da Religião, ou seja, além de não haver uma Estado Laico, conforme se defende nos modelos econômicos e sociais da pós-modernidade, ainda há um influente e "perigoso" relacionamento entre religião e educação que fere àquilo que está escrito na Convenção Européia de Direitos Humanos, onde pode-se ler no seu artigo 9:

1. Todos têm liberdade de pensamento, consciência e religião; é inerente a estes direitos a liberdade para mudar de religião ou crença, esteja o individuo só ou em comunidade, seja local público ou privado, poderá manifestar sua religiosidade poradoração, ensinamento, prática ou observância.
2. A Liberdade para a manifestação religiosa ou de convicções pessoais só está sujeita a limitação quando previstas em Lei ou ainda quando houver ameaça à Sociedade Democrática, isto é, quando os interesses relativos à segurança pública, manutenção da ordem pública, saúde ou moralidades, bem como para a proteção dos direitos fundamentais e liberdades garantidas, estiverem ameaçados.

  Não é objetivo nosso defender uns poucos que compõe a minoria politeísta, mas sim defender a liberdade de expressão que deve ser comum a todo Estado Democrático. Se os antepassados ensinaram-nos a lutar por aquilo que nos parece justo, ou como diz nas paredes dos Portais de Delfos, "Πραττε δικαια" (Pratique o que é justo); é por meio da honra de todo guerreiro em batalha, disposto a morrer por seus ideias e que jamais se curva a amoralidades que nós nos colocamos do lado daqueles que entre tantos outros revindincam o humano e inato direito do culto e da fé, seja quais forem os nomes a que se chama, respeitando os princípios de uma legislação democrática e favorável à liberdade.

O  YSEE, aquela que é sem dúvida a maior organização politeísta helênica, não só em termos de membro, mas também em relevância histórica,  já que foi a primeira organização criada com o propósito de garantir o direito à liberdade relgiosa por parte dos politeístas helênicos na Grécia, noticiou através de seus membros que as celebrações abertas, que até então eram uma marca evidente do combate a esta intolerância e fechamento por parte  do governo à liberdade religiosa, o fim das celebrações devido às ações violentas de repressão e ostensivas, em favor sabe-se lá de quais ideais.

Reiteramos o que foi dito em linhas acima: não estamos aqui a defender um ou outro grupo que se sente excluído, mas sim em favor de uma liberdade que garanta a cada ser humano o mínimo direito de ACREDITAR.

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