sábado, 18 de julho de 2009

Sobre o Altar


Esse não é um tema o qual eu goste de discorrer frequentemente por ver aqui uma questão de inclinação pessoal, mas dada as muitas dúvidas a respeito deste tema em nosso fórum de politeísmo helênico, decidi-me por escrever. Vamos lá!
O termo altar vem do latim altáre, transfigurado em altus, termo utilizado para designar alguma coisa elevado, ou que assim estava. Sendo assim, podemos identificar a primeira natureza do altar, que é colocar em destaque algo ou alguma coisa, através do princípio de elevação.
Na prática religiosa esse não é um elemento obrigatório, mas é bastante positivo, pois cria entre o devoto e os deuses um espaço mais propício à reflexão, conversa e até mesmo à devoção, visto nossa visível dificuldade em termos templos públicos para o exercício da nossa fé. Mas isso é o de menos; temos nossas casas e vidas, os quais se prestam muito bem ao serviço dos deuses. O altar, assim que montado, não pertence mais ao devoto, e sim aos deuses. É ali um espaço sagrado, que deve estar alheio às perturbações e miasmas.
Não se pode determinar uma forma específica para se montar um altar, pois nem mesmo na antiguidade isso existia. Apesar de existirem rituais específicos para firmamento de altares nos templos, esses rituais variavam de acordo com a pólis, o deus, ou até mesmo com o sacerdote e a função a que se prestaria tal altar. O que se pode fazer hoje é dar linhas gerais para fomentar a curiosidade e a falta de informações específicas sobre este tema. É com este objetivo que escrevemos.
A primeira coisa que se deve fazer é escolher os deuses o qual será dedicado o altar. Talvez seja o momento de recolocar a situação. Não somos nós que escolhemos os deuses, mas sim estes que Se nos mostram sua divina face. Então... atendendo ao pedido do deus de montarmos um espaço específico para nos relacionarmos diretamente com ele, montamos o espaço de acordo com elementos que façam referência à esta divindade. O altar não precisa necessariamente ter um espaço para todos os deuses ( o que implicaria em um altar absolutamente enorme! ), contudo não é necessário que tenhamos um altar para cada deus, ou que em cada altar cultuemos apenas um casal de deuses. Esse critério fica a mercê da inclinação pessoal de cada um. O fato de juntarmos deuses aparentemente contrastantes também faz pouco relevância (salva algumas exceções). Os próprios gregos muitas vezes casavam e descasavam (em sentido simbólico) deuses e deusas; é daí que vem muitas versões diferentes versões sobre um mesmo mito de pólis para pólis.
O altar pode ser confeccionado com os mais diversos materiais, desde o concreto até uma prateleira ou caixa firme o suficiente para suportar o peso daquilo que você disporá sobre ele. Tradicionalmente, ele estava voltado para o lesto, o nascente, mas quando isso não for possível não há problema algum. Outra questão propícia é o fato de colocar-se o altar, quando destinado aos deuses ctônicos, no chão ou o mais próximo possível dele, já que na Antiguidade esses altares eram localizados em buracos, cavernas ou fendas no solo muitas vezes.
A segunda questão que se impõe é providenciar elementos adequados para a montagem do altar, principalmente uma imagem dos deuses a quem o altar será destinado. A imagem a ser utilizada pode ter as mais diversas naturezas. Podem ser estatuetas, modelagens ou até mesmos gravuras e fotos. É importante colocar de alguma forma (por meio de inscrição gravada, palitos, pedaços de madeira ou qualquer outro material o nome do deus que habita o altar. O ideal é que possa haver espaço no altar, então se o local destinado para ele é pouco espaçoso, não coloque muitos elementos decorativos, apenas o necessário. Entende-se por necessário velas, incenso, a imagem dos deuses e um prato e/ou taça para ofertas e libações. Ele também pode ser decorado com outros elementos como toalhas, representações simbólicas, flores e aromáticos. Todas as coisas que serão dispostas no altar devem ser purificadas e dedicadas à divindade. Isso pode ser feito por meio de ritos específicos, ou simplesmente por meio de uma prece antecedida por uma fumigação com incensos ou enxofre. A dedicação pode estar inclusa na prece ou ser feita apenas por meio de declarações do tipo “ estas são Tuas estas velas, Febo, como agradecimento pela Tua sempre presente ajuda nos meus ofícios, sejas Tu favorável sempre, e aqui sempre nos encontraremos’.

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