sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Além da Orientação, uma opção



No país do carnaval, é lema absoluto que “futebol, política e religião não se discute”. Verdade? Honestamente, creio que não, mas é provável que pessoas diferentes, por respeito ou por preguiça de pensar, concordem. Mas vejo que há aqui uma grande possibilidade de crescimento, porque em qualquer uma dessas áreas a discussão certamente tem como resultado a evolução, a melhoria nas idéias, posicionamentos, evidenciando falhas e propondo soluções. E é justamente nesse sentido que aqui nos interessa a pergunta: o que somos como somos e por que somos, enquanto proposta religiosa?


Provavelmente já nos deparamos com uma pergunta do tipo: ‘qual sua religião?’O que há de se responder? Grego, pagão, helenista, reconstrucionista? As respostas podem ser inúmeras, de acordo com a tradição a que você se presta, talvez por isso haja tantas dúvidas, o que de certa forma não é um erro, visto que é uma ocorrência freqüente nos adeptos de religiões históricas. Afinal, qual a necessidade de perguntar a um grego do século VII AEC qual a religião dele, se ele seguia a religião cível grega? O mesmo ocorre com celtas, gauleses, egípcios... Na antiguidade havia uma infinidade de cultos, mas todos com elos em comum entre si, principalmente nos povos politeístas. O que vemos hoje, são inúmeras instituições religiosas, a maioria delas divergentes de tão semelhantes.

Hoje, no Hellenismos, são várias as denominações utilizadas, de acordo com o grupo em questão. A Hellenion, maior grupo norte-americano utiliza-se da expressão “Hellenismos”, já o YSEE, a primeira e maior organização reconstrucionista usa os termos Helenismo, Politeísmo Étnico e Tradição Helênica. Já o Ellaion usa “ Dodekatheísmo”; o Dudekatheon, Religião Helênica. Até mesmo dentro da proposta reconstrucionista há diversas opiniões.

Apesar de todas as divergências nesse e outros aspectos, o que nos interessa são os pontos em comum, que são a real maioria, visto que todas estas instituições, além de outras menores, repousam sobre princípios semelhantes, de honra e preservação das antigas tradições helênicas.

Não há uma Igreja Universal Helênica, a fé grega, mesmo na antiguidade, nunca foi unificada. Havia cultos diferentes para um mesmo deus, de acordo com a polis onde ele era honrado. Da mesma forma não podemos acreditar que hoje haveria uma única fé helênica. É preciso admitir que, mesmo dentre os reconstrucionistas, há orientações diferentes. O que é então que nos define como reconstrucionistas no politeísmo helênico?

Segundo Andrew Campbell (Old Stones, New Temples, 1998), o reconstru-cionismo helênico tem sua origem com a insatisfação com o nível cultura da então dominante Tradição Wiccana. O reconstrucionismo helênico começa a surgir por volta de 1990, sendo institucionalizado pelo YSEE (Ύπατο Συμβούλιο των Ελλήνων Εθνικών, Supremo Conselho dos Gentis Helenos) no ano de 1997, no Congresso Mundial das Religiões Étnicas. Porém, a expressão “reconstrucionismo” já havia sido utilizada antes, na década de 1970 por Isaac Bonewits, mas foi em 1979, com Margot Adler que a expressão tomou uma forma semelhante à empregada hoje. Margot foi a primeira mulher a fazer um exame detalhado das práticas pagãs da modernidade; em Drawning With The Moon (1979), ela foi empregou a expressão supostamente cunhada por Bonewits (isso porque ele mesmo não recorda-se se a expressão é sua, ou se foi um achado bibliográfico) para referir-se às pessoas que tinham como orientação religiosa alguma religião histórica.

De acordo com dados de 2005, estima-se que cerca de 2000 gregos eram adeptos ou praticantes do Reconstrucionismo Helênico. E cerca de 100 mil praticavam alguma tradição religiosa relacionada ao politeísmo helênico, entre elas o neopaganismo e o reconstrucionismo. Porém, devemos considerar que esses dados refletem apenas um panorama grego. De 2005 até hoje muita coisa mudou.

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