sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sobre o Pharmakos

Dentro do cotexto da celebração do Thargelia que se aproxima, um elemento bem frequente e que é personagem característico da celebração é o Pharmakos. Na religiosidade grega antiga, o Pharmakos é uma espécie de bode-espiatório, um membro da comunidade, em geral um escravo ou membro em dívidas como criminosos e assasinos, usados como imã para atrair todo o miasma em momentos de crise, guerra e pragas, por exemplo. O objetivo do Phamakos era livrar a comunidade do miasma, e isso era feito através da expulsão do Pharmakos da cidade, onde durante esse processo eles eram apedrejados e perseguidos. Segundo alguns historiadores havia o costume de sacrificar o Pharmakos, porém a maioria das fontes aponta para que essa teoria seja incoerente, principalmente quando tomada em consideração os relatos de Hiponax nos fragmentos sobreviventes.

Durante o Thargelia era costume escolher-se dois Pharmakoi para servirem como bode espiatório durante o primeiro dia de purificações do ritual. Em geral um era vestido com um colar de figos de preto e outro de branco, sendo um representativo de todos os indivíudos masculinos da comunidade e outro da parcela feminina respectividamente. Apesar do clima de ódeio que se mantia por eles, eram trato geral que eles fossem bem cuidados até o dia do ritual, quando eram vestidos com boas roupas e soltos. Após escolhidos e soltos, no começo da noite do dia 06 de Elaphebolion, aniversário de Ártemis e primeiro dia do Thargelia, os pharmakoi eram perseguidos pela populção que lançava pedras, bulbos de cebola, alho e outros elementos que na fé popular repeliam o miasma, os maus espíritos e a má sorte que estavam retratados nos Pharmakoi. Vê-se nesses rituais uma nítida característica de catarse, conforme evidencia Walter Burkert (Greek Religion), purificando o homem e a comunidade do miasma que traz tantas pestilências. E pode-se dizer que era não apenas a catarse da comunidade, mas também dos pharmakoi que após todo o ritual eram expulsos da cidade e tidos como heróis, persoangens importantes por terem levado consigo aquilo que estava prejudicando o crescimento da comunidade.

Evidentemente nas nossas condições pós-modernas não podemos usar pessoas como pharmakoi, então muitos recomendam a construções de bonecos combustíveis como simulacros para esses pharmakoi. o Miguel sugere que este seja feito em papal ou papel machê, ou outro material inflamável, sendo possível a inserção de partes pessoais como unhas e cabelos; também recomenda que dentro do boneco esteja a palavra MIASMA. O pharmakoi pode ser vestido e ornamentado com figos conforme os modelos antigos, sendo após isso exposto a fim de que possa carregar-se com a energia da pessoa ou do ambiente. Durante o ritual o phamakos é purificado e queimado.  Já eu particularmente sugiro que este seja feito com argila, onde se pode inserir as mesmas coisas a desejo de quem o faz. Então ele deve uma semana antes ser exposto pela casa a fim de agregar a energia que circula por ali, sendo representativo do ambiente. No dia da celebração o boneco pode ser quebrado e enterrado ou jogado ao mar após sua purificação. A purificação pode dar-se por meio de estocadas com cebolas, alho, golpes de pedras e outras coisas.

Abaixo algumas ilustrações do Pharmakos produzido por mim:

Um comentário:

  1. Excelente postagem elucidativa.
    Vou fazer um Pharmakos de argila porque entendo assim, queimar algo é oferecer aos Deuses, logo, oferecer algo acumulado de miasma não deve ser bom, é o que acho.

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