quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

#3 e #4 30 Dias de Helenismo - Rapidinhas

#3 - Nem só de mito vive um homem

Essa será uma apreciação breve tendo em vista que o que se pretende dizer aqui já foi exposto e retomando várias vezes nas colocações aqui apresentadas. Qual o lugar da mitologia no Hellenismos? Respondo: importante, mas não fundamental. 
Não é difícil encontrar quem pense que a mitologia grega é a religião grega, coisa que sabemos não é verdade. O Hellenismos é uma religião não dogmática, sendo assim não podemos apontar qualquer livro ou mito que seja como o certo a ser seguido como livro de Leis, e tampouco que há uma interpretação certa para tal. 

Conforme aponta Kérenyi em seu ensaio sobre Dioniso, nem todo mito tem a função cultual/religiosa. Há mitos fundadores e mitos didáticos criados e contados pelos gregos para fins diversos, desde o ensino, a formação moral, o exercício religioso entre outros. No entanto a questão que se pretende apresentar aqui é que a base das práticas religiosas do Hellenismos não estão sobre a mitologia, ou sobre uma ortodoxia, mas sim sobre práticas cotidianas a que se chama ortodoxia. O lugar que o mito assume é como fonte de explicação para os deuses, suas características e histórias entendendo a diversidade de informações (muitas vezes divergentes) sobre estes.


#4 - A Importância de um contexto

Penso o contexto como uma questão cruciel para o desenvolvimento de qualquer religiosidade reconstrucionista, mas qu no entanto vem sido neglicienciada nestas comunidades dada a falta de material apontando para uma reflexão desta categoria. O que se pretende dizer pode ser uma idéia a priori já sabida, mas que de tão sabida acaba sendo esquecida ou negligenciada por parte dos adeptos. 

Considerando o reconstrucionismos como uma operação de transporte e resgate de valores, práticas e ideias acredito ser fundamental para uma compreensão de tais aspectos um estudo e entendimento do contexto em que se desenvolveram essas ideias, bem como a compreensão do contexto para o qual tudo isso será levado. É mais usual enxergamos o lado do antigo e  pontuarmos a complexidade e a diversidade dos contextos envolvendo os gregos antigos e nos esquecermos de contrapor isto ao nosso modo de vida contemporâneo afim de se construir uma visão sobre como se dá ou daria essa transposição cronológico-cultural, ao meu ver é por falta de reflexões dessa espécie que discussões como o sacrifício, o sofrimento, o pós-morte, o sacerdócio e o dever de cada um nesse jogo todo ainda nos são tão problemáticos e cheios de tabus. 

Todavia a tarefa a que me proponho não é responder a essa reflexão, mas apenas provocar um olhar mais demorado sobre esta problemática para discutí-la em comunidade oponto visões e experiências.

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